Guia Completo do Sistema Nervoso: Estrutura e Funcionamento
Uma Visão Geral do Sistema Nervoso Central e Periférico
Entendendo os pontos gerais do sistema nervoso, vamos estar aptos a compreender a farmacologia e fisiopatologia inerentes a esse sistema.
Como são campos extremamente vastos, só reforça a necessidade de termos a base fisiológica desse tema muito bem fundamentada e sólida. Dessa forma, irei abordar os seguintes tópicos:
Os neurônios e as sinapses.
Organização do Sistema Nervoso.
Pontos gerais do Sistema Nervoso Central.
Pontos gerais do Sistema Nervoso Autônomo.
Acredito que esses pontos fundamentam muito bem a nossa base e nos deixa seguros para avançar nesse tema.
Os neurônios e as sinapses
Antes de vermos a parte anatômica do nosso sistema nervoso, acredito ser importante compreendermos a menor parte: as células desse sistema, os famosos neurônios. Observe a imagem abaixo:
Visão geral de um neurônio
Através dela é possível desmembrar o neurônio em várias partes:
O Corpo Celular: é a região que abriga o núcleo e as organelas citoplasmáticas. O impulso nervoso (a eletricidade gerada) é produzida aqui. Os dendritos são as ramificações que saem do corpo celular. É como se fossem mãos dos neurônios. A partir dos dendritos, os neurônios se ligam à outros neurônios.
O Axônio: é a parte mais comprida do neurônio (pode atingir vários centímetros). Ela é responsável por conduzir o impulso elétrico gerado no corpo celular até o terminal sináptico (veremos mais pra frente). Possui a bainha de mielina, uma barreira que encapa o axônio e o protege. Como a informação está no impulso elétrico, ela não pode de jeito nenhum ser perdida. Logo, a bainha é feita de gordura para que atue como um isolante elétrico, isolando a área e garantindo que a informação chegue à outra ponta. Isso sem contar com a sua capacidade de aumentar a velocidade de condução do impulso elétrico.
O Terminal Sináptico: é a parte do neurônio que se une aos dendritos de um outro neurônio. O terminal possui o botão sináptico, a porção final dele. Se sabe que os dendritos não conseguem tocar no terminal sináptico. Logo, no botão são liberadas as vesículas sinápticas, onde dentro delas há os neurotransmissores.
Os neurotransmissores são substâncias químicas que conectam os dois neurônios: o neurônio pré-sináptico (aquele que está gerando o impulso elétrico) com o neurônio pós-sináptico (aquele que vai receber o impulso elétrico). Dessa forma, um neurotransmissor vai excitar o 2º neurônio (pós-sináptico), transmitindo a informação contida no 1º neurônio (pré-sináptico).
Temos vários exemplos de neurotransmissores no corpo:
Dopamina.
Acetilcolina.
Serotonina.
Noradrenalina.
Adrenalina.
GABA.
Glutamato.
Endorfinas.
E sinapse é o nome dado à junção entre 2 ou mais neurônios através dos neurotransmissores. E conseguimos dividi-la em 5 tipos:
Sinapse Axodendrítica: acontece entre um dendrito e um axônio.
Sinapse Dendrodendrítica: acontece entre dendritos.
Sinapse Axoaxônica: acontece entre axônios.
Sinapse Axossomática: acontece entre axônio e corpo celular.
Sinapse Somatodendrítica: acontece entre corpo celular e dendrito.
A organização do Sistema Nervoso
Bom, vamos observar a imagem abaixo.
Geral da organização do Sistema Nervoso
Como podemos ver, basicamente o sistema nervoso pode ser dividido em 2 grandes grupos: o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico.
E é importante darmos uma pincelada em cada um desses dois grupos para formarmos um mapa mental da rede nervosa em nosso corpo.
Sistema Nervoso Central (SNC)
Observe a imagem abaixo:
Ela divide de maneira bastante didática a organização do nosso SNC e podemos, então, destacar as particularidades de cada parte.
Basicamente o SNC é formado pelo encéfalo e a medula espinhal.
Encéfalo
O nosso cérebro é a região que recebe as informações captadas dos órgãos sensoriais (olho, pele, etc.) e as processa para gerar algum tipo de resposta adequada. Dessa maneira, temos o córtex cerebral, a parte mais externa (de cima) do nosso cérebro e onde a maior parte das informações são armazenadas, enquanto que o corpo caloso oferece a conexão do hemisfério direito com o esquerdo.
O hipotálamo produz hormônios que regulam a produção de outros hormônios pelo corpo, além de controlar a temperatura corporal e as sensações de fome/sede. A hipófise também é outra região que tem atividade de produção hormonal, mandando substâncias regulatórias para o corpo todo (tireoide, testículos, ovários, etc.).
O cerebelo possui um papel extremamente importante, uma vez que ele é a região que controla o equilíbrio. Por isso que quando bebemos tendemos a perder a noção de equilíbrio: o álcool afeta diretamente essa porção do nosso sistema nervoso.
Já o tronco encefálico é toda uma parte que controla as nossas funções vitais, simples assim. Tudo o que não precisa da consciência será o tronco encefálico no comando. Dessa forma ele regula a frequência cardíaca, os movimentos respiratórios, o controle gástrico, etc. O bulbo é o autor dessas atividades involuntárias.
Medula espinhal
E, do outro lado, temos a medula espinhal atuando em nosso corpo. Ela é a região que recebe as informações dos nervos e as leva ao encéfalo, como também recebe informações do encéfalo e as distribui para o Sistema Nervoso Periférico (veremos mais para frente). Logo, ela funciona como uma verdadeira via expressa de informações.
Sistema Nervoso Periférico (SNP)
Assim como o SNC, podemos dividir o SNP em duas partes: o sistema nervoso periférico somático e o sistema nervoso periférico autônomo.
Sistema Nervoso Periférico Somático
Está diretamente envolvido com a captação de informações e a reação a essas informações, de maneira voluntária. Logo, a musculatura esquelética, por exemplo, está diretamente envolvida.
Ele é formado basicamente por nervos e gânglios.
Os nervos são vários axônios de vários neurônios envolvidos por um tecido conjuntivo, como na imagem:
Imagem mostrando internamente a composição de um nervo
Ignore a maioria dos detalhes dessa imagem e se atente, apenas, à entender a concepção de um nervo. Perceba que a parte superior da imagem, mais grossa, mostra o nervo, com vasos sanguíneos irrigando a região. Internamente, o nervo vai abrigar 3 grandes blocos, onde cada um possui diversas fibras nervosas para que, no fim, vermos que a fibra possui um axônio de determina neurônio. Logo, o nervo vai abrigar uma coleção de axônios, espalhando essa cauda dos neurônios por todas as partes do nosso corpo (pés, mãos, joelhos, braços, órgãos, etc.).
E, em nosso corpo, possuímos 2 tipos de nervos:
Os nervos sensitivos ou aferentes: são os nervos formados por neurônios sensoriais. Tem como função captar informações dos órgãos dos sentidos e levar essas informações até o SNC.
Os nervos motores ou eferentes: são os nervos formados por neurônios motores. Seria a resposta do SNC às informações sensoriais coletadas anteriormente.
Podemos, inclusive, ter outra divisão:
Os nervos cranianos: são os nervos que saem do tronco encefálico.
Os nervos espinhais: são os nervos que saem da medula espinhal.
Sistema Nervoso Periférico Autônomo (SNA)
Agora, o controle voluntário não existe mais. Essa é a região do nosso sistema nervoso que controla todas as ações involuntárias do nosso corpo. e
Também é formado por nervos, mas apenas os nervos motores estão presentes.
Há dois tipos de SNA, que são antagônicos:
Sistema Nervoso Autônomo Simpático: geralmente relacionado à tudo que envolve ação.
Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático: geralmente relacionado à tudo que envolve relaxamento.
Veremos com mais detalhes esses dois sistemas em nosso artigo de introdução à transmissão colinérgica e adrenérgica, onde começaremos a entrar nas bases farmacológicas desses dois SNA.